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Pastoral da comunicação
Arquidiocese de Ribeirão Preto
II Encontro de Comunicação
Salão João Paulo II - 4 de agosto de 2.002

A Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de Ribeirão Preto realizou no dia 4 de agosto de 2002 o II Encontro de Comunicação. Publicamos o texto trabalhado durante o encontro.



Introdução

Jesus é a Palavra de Deus, comunicador do Pai, se fez gente e veio morar no meio de nós, optou por um processo inculturado e dialógico de comunicação, que se apresenta como CHAVE - MODELO BÁSICO da Comunicação.

O campo da Comunicação dentro da Igreja, tem uma longa história. As novas tecnologias de comunicação, sofreram resistência por alguns períodos, mas com o Concílio Vaticano II, ela assumiu a comunicação como direito e dever, incorporando nela a evangelização.

Hoje, a igreja assume o compromisso de evangelizar pela comunicação, partindo do documento 59 da CNBB, promulgado durante Assembléia dos Bispos de Brasil em 1998 - Igreja e Comunicação rumo ao novo milênio.

É importante não confundir a comunicação com os meios de comunicação e não reduzi-la a simples transmissão de mensagens e nem a pura emissão de informações. A comunicação é caminho para a comunhão.



Igreja hoje: Desafios da comunicação
O mundo moderno exige uma atenção redobrada sobre ação dos meios de comunicação. Um cristão, comunicador da Igreja, não pode ficar alheio as novas tecnologias, superando a visão conservadora dos teóricos do passado, quando o foco da comunicação tinha como alvo um receptor passivo.

O papa João Paulo II, na Redemptoris Missio, n° 37 diz: "Não é suficiente usar os Meios de Comunicação para difundir a Mensagem Cristã e o Magistério da Igreja, mas é necessário integrar a mensagem nesta "nova cultura", criada pelas modernas comunicações... com novas linguagens, novas técnicas, novas atitudes psicológicas".

O teólogo Jung Mo Sung coloca uma questão interessante para nós, Igreja, em nosso trabalho na comunicação. Ele diz: "A Igreja defende que os pobres tem necessidades, mas ainda não descobriu que eles tem também desejos. A necessidade nos empurra para a satisfação do físico. O desejo é igual a fascinação. E o que a Igreja "vende"? Vende desejos. Desejo de um mundo melhor. Desejo de vida eterna. Desejo de fraternidade. Desejo de criar comunidade, num mundo individualista. O desejo está diretamente relacionado ao imaginários das pessoas. E o imaginário é um ponto básico da cultura da imagem".

Segundo Pierre Babin, o ser humano ideal, no tempo de Santo Inácio, era aquele que agia pela inteligência, a razão, a força de vontade, com dominação total dos afetos e dos instintos. Esta visão da pessoa, na nova cultura que estamos vivendo, não pode continuar. Temos que substituir esta visão, criando condições para que o nosso cérebro funcione integrando o hemisfério esquerdo(razão) com o direito (emoções, intuição, sentimentos), deixando que o Espírito sopre nele a vida.

É comum ver padres, bispos e pessoas de nossas pastorais, nos meios de comunicação como rádio e TV, debatendo sobre temas e usando a mesma linguagem do grupo de oração, das celebrações, do sermão. Não basta transportar para o meio eletrônico, o que estamos fazendo há 20, 30 anos nas comunidades. Hoje, na era tecnológica, nós estamos vivendo uma grande mudança. O importante não é ter máquinas, propriedades, mas o conhecimento.

É preciso mudar a linguagem. Passar da era de Gutemberg para os meios eletrônicos não é suficiente, embora seja muito importante. Temos que mudar nossa compreensão de Deus e de ver a fé. Usamos nos meios de comunicação muito o Deus do cérebro esquerdo, o Deus da razão, em nossa evangelização e na teologia. Hoje temos que dar às pessoas o Deus do cérebro direito, que é menos racional e mais mistério.

Porque esta é a experiência que desenvolve a imaginação e a afetividade. Os jovens hoje são mais sensíveis a mística do que a razão. Temos também que apresentar as pessoas um Deus humano, o Deus da Encarnação. Não tanto um Deus de dogmas, mas um Deus que dá a direção da verdade, um Deus que produz efeitos de salvação; um Deus que cuida, que nos dá força para buscar igualdade de direitos e justiça para todos.

Em Puebla alguém disse que a Igreja optou pelos pobres e os pobres optaram pelo rádio. Hoje podemos dizer que o pobre escolheu a televisão.

Se a Igreja deseja atuar nos meios de comunicação, precisa aproximar-se das novas tecnologias, conhecer seu potencial e preparar-se para lidar com elas, com competência. O mundo de hoje exclui os amadores e os acomodados no passado; exclui os que não ousam e não se preparam.

Competência se faz com preparação. Não podemos simplesmente ter os meios e usá-los como bem entendemos. Cada um deles exige de nós muito conhecimento.



A Igreja e os meios de Comunicação

A Igreja foi uma grande comunicadora no passado, porque sabia usar os meios existentes com sabedoria.

Outdoor - Templos sobre morros. Torres altas para serem vistas, principalmente no centro das cidades.

Audiovisual - sinos codificados/vitrais instrumentos que facilitavam a comunicação com analfabetos, avisando horários de missas e de consagrações e mostrando com imagens testemunhos da vida de Cristo e dos Santos.
Teatro - Encenações nas ruas e portas de igrejas.
Logotipo - A Cruz, a maior marca de todos os tempos.

Liturgia - Gestos e Atitudes - "Orar com a alma e o corpo"
. Expressividade: Sentado, De pé, De joelhos, Genuflexão, Inclinação, Procissão, Mãos levantadas, Mãos juntas, Prostração, Silêncio...

Canto Litúrgico - "Quem canta reza duas vezes"
Equipe de animação

Símbolos Litúrgicos:
  .   As vestes (Túnica, Estola (verde/branco/roxo e vermelho), Casula, Amito, Cíngulo)
  .   O Altar: Mesa da Ceia do Senhor
  .   Hóstia, Vinho, Cálice, Âmbula, Patena, Água, Pala, Sanguinho, Corporal, Galhetas, Manustérgio, Missal, Crucifixo, Velas, Flores etc...



A Pastoral de Comunicação

"A Pastoral de Comunicação é a pastoral do ser/estar em comunhão/comunidade. É a pastoral da acolhida e da participação, das inter-relações humanas, da organização solidária, do planejamento democrático, do uso dos recursos e instrumentos que facilitem o intercâmbio de informações e manifestações das pessoas no interior da comunidade e da sociedade" (Estudos da CNBB n° 75)

A Pastoral da Comunicação vai além do uso dos meios de comunicação social e abrange todo o trabalho da Igreja em vista da comunicação entre pessoas. Visa a comunicação que anuncia e promove a comunhão com Deus e com as pessoas.



O Agente da Pastoral da Comunicação
"Uma pessoa só se torna realmente comunicadora se consegue estabelecer relações com o outro, se tem a capacidade de ouvir e fazer-se ouvir, de receber e transmitir, de estabelecer e pôr as pessoas em contato. O comunicador, portanto, é alguém que conhece seu público e consegue, com ele, estabelecer uma espécie de troca de informações que geram a comunicação. Por isso, um bom comunicador é aquele que conhece a sociedade em que vive e as pessoas com quem convive, sabe como elas são, o que sonham, o que buscam". (Elson Faxina - jornalista)

Para ser um agente da Pastoral de comunicação é necessário ter:
- Condição de visibilidade - quer dizer, a pessoa deve ter importância para a comunidade, pelo seu testemunho e transparência de vida.
- Abertura para o diálogo e para manter-se em permanente situação de aprendizagem.
- É preciso ter capacidade de relacionar-se e de cultivar com tolerância responsável
- Comprovada criatividade na descoberta de soluções para os possíveis problemas em seu campo de ação



Conceitos
A - Comunicação como transmissão de mensagens - Central de Informações
B - Comunicação como caminho para comunhão - Encontro de pessoa. É comum o conceito de comunicação, limitar-se ao entendimento da comunicação como entrega de mensagens. Ela fica reduzida apenas ao papel de informar.

A comunicação como caminho para a comunhão requer não só fazer acontecer o processo circular, mas entregar-se a si mesmo, fazer-se mensagem, fazer comunicação para o outro.

O sistema de comunicação posto a serviço da ordem econôamica, que alimenta o consumo e o individualismo competitivo, está na direção oposta a comunhão e temos que ter presente que este é o sistema dominante no mundo atual. Ele produz uma solidão destruidora desde o nível internacional até as mais intimas relações familiares.


A P A S C O M é ARTICULADORA DAS PASTORAIS. Envolve as pessoas e situações por inteiro e todo o trabalho da Igreja.

1 - A PASCOM deve ter como modelo de comunicação
     Boa Relação entre pastores e fiéis e entre as diversas organizações eclesiais.
     Uso de forma clara e profissional de boletins, revistas, emissoras para transmissão de mensagens
     Ter um plano viável e concreto. A Pastoral requer agilidade de informações.

2 - Diálogo com a Sociedade
     Comunicação do Evangelho como palavra profética e libertadora.
     Favorecer o diálogo em todos os campos. Oferecer a própria riqueza e ouvir muito. Dialogar com profissionais e peritos leigos.
     Saber trabalhar, cultivar e divulgar a imagem da Igreja.



Sugestões para equipes
1 - O Teatro na Pastoral - Ele desenvolve a cultura na comunidade e cria no povo um espirito critico diante da realidade.

2 - Musica na Pastoral - Ajuda a desenvolver aptidões e dons de comunicação, faz quebrar a timidez e envolve principalmente os jovens na comunidade.

3 - Biblioteca comunitária - Até hoje a leitura não é do povo. A crise de cultura e de leitura reflete a crise social, política e econômica na sociedade. Formar uma equipe que se disponha a dirigir e organizar uma biblioteca na comunidade.

4 - Jornal Mural - É um instrumento de comunicação popular. Seu objetivo é refletir o sentir e as aspirações da comunidade e ser canal rápido, econômico e claro de informação.

5 - Jornal Vida em Mutirão - Paróquia Santa Terezinha - órgão de comunicação da comunidade, instrumento para estreitar o relacionamento entre grupos, informar atividades e contribuir na evangelização em seus mais diversos segmentos.

6 - Articuladora das Pastorais - Através de encontros pastorais para troca de experiências, uso de dinâmicas, comunicação interpessoal, intercâmbio. Ex: Semana da Comunicação; Celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais (Ascensão do Senhor); Divulgação de Atividades: cartazes, outdoor, faixas, etc.


Biografia
SILVA, Maria das Graças e. O que é Pascom? Como Planejar? São Paulo:
   SEPAC: Serviço Paulinas de Comunicação, 1998 (uso manuscrito)
Grupo de Estudos da Comunicação da Assessoria de Imprensa da CNBB.
   De cima dos telhados; o Evangelho na era da comunicação global. São Paulo: Paulinas, 2001.

CECHINATO, Pe. Luiz. A missa parte por parte. 19ed. Petrópolis: Vozes, 1993.